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Exercício físico e o coração

  • dramarcellesa
  • 29 de nov. de 2017
  • 4 min de leitura

A avaliação clínica pré-participação (APP) para atividades físico esportivas deve ser entendida como uma avaliação médica sistemática, uniformizada, capaz de abranger a ampla população de esportistas e atletas antes de sua liberação para treinamento físico.

Tem como proposta identificar, ou pelo menos aumentar, a suspeita de doenças cardiovasculares que sejam incompatíveis com a realização de atividades físicas visando a rendimento. O objetivo principal desta avaliação, realizada previamente ao início da atividade física e periodicamente com sua manutenção, é a prevenção do desenvolvimento de doenças do aparelho cardiovascular (DCV) e da morte súbita por meio da proibição temporária ou definitiva da realização de atividades físicas ou do tratamento de condições que possam ser potencialmente fatais e desencadeadas pelo exercício físico.

O ideal é que todo indivíduo candidato à prática de exercícios ou esportes em nível moderado / elevado de intensidade, seja submetido, obrigatoriamente, a um exame médico que permita a detecção de fatores de risco, sinais e sintomas sugestivos de doenças cardiovasculares, pulmonares, metabólicas ou do aparelho locomotor. As técnicas clássicas de anamnese clínica devem ser empregadas, com alguns diferenciais, notadamente privilegiando aspectos relacionados ao exercício e à história de doenças familiares ou eventos cardiovasculares relacionados à prática de esportes.

Devemos ficar atentos a casos de morte súbita ou cardiopatias congênitas na família; história familiar para anemia falciforme ou outras hemoglobinopatias; procedência de áreas endêmicas para doença de Chagas ou regiões nas quais haja maior prevalência de doenças congênitas. Deve-se ter especial cuidado na obtenção de informações que possam levar ao esclarecimento do uso de drogas lícitas ou ilícitas que possam ser consideradas como doping, mesmo que de forma involuntária, ou que sejam prejudiciais à saúde ou possam causar morte.Entre os sintomas, devem chamar nossa atenção as palpitações, síncope, dor precordial ou desconforto torácico; dispneia aos esforços; tontura; astenia; ou qualquer outro sintoma desencadeado pelo exercício. É necessário ter uma sensibilidade apurada para saber avaliar se os sintomas citados acima podem ser indicativos de algum estado patológico ou se são meramente a consequência de um treino mais intenso ou uma competição.

Quanto à síncope no atleta, é necessária uma investigação detalhada, pois, até prova em contrário, deve ser encarada como um episódio de morte súbita abortada espontaneamente. No exame físico, merecem destaque algumas condições clínicas como: anemia; alterações posturais; focos infecciosos (dentários, p.ex.); doenças sistêmicas ou infecciosas graves; asma brônquica, obesidade, diabetes mellitus; hipertensão arterial sistêmica; alterações da ausculta pulmonar e cardiovascular; e situações especiais como a gravidez.

A avaliação pré-participação (APP) de atletas exige uma estratégia exequível em termos econômicos, em especial em um país em desenvolvimento como o Brasil, de dimensão continental, muito habitado e de grande diversidade econômica e social. A abordagem cardiológica merece atenção especial, tendo em vista ser a eventualidade da morte súbita dependente principalmente de causas cardiovasculares.

Muitas vezes a magnitude e as repercussões clínicas das modificações cardiovasculares e de outros sistemas configuram um problema de saúde, como deve ser considerada a síndrome de excesso de treinamento. Por se tratar de um quadro de difícil reconhecimento e depender essencialmente da análise clínica para a suspeição da sua presença, optamos por incluir aqui sua descrição e as recomendações para seu manejo. Na confirmação diagnóstica, o laboratório tem papel por vezes fundamental. A prática esportiva promove alterações morfofuncionais no coração relacionadas a tempo e intensidade do treinamento, que são demonstráveis ao ECG de repouso, como sobrecarga ventricular, distúrbios do ritmo e da condução atrioventricular, estas impostas pela exacerbação vagal do exercício. Anormalidades que colocam o atleta em risco durante a prática esportiva podem ser detectadas, representando a expressão de uma doença cardíaca subjacente.Quando o eletrocardiograma de um atleta é analisado, o principal objetivo é distinguir entre os padrões fisiológicos e aqueles que exigem ação e/ou testes adicionais para excluir (ou confirmar) a suspeita de uma doença cardiovascular subjacente levando a risco aumentado de morte súbita no esporte. Erros na diferenciação entre o fisiológico e o patológico podem ter graves consequências.

Apesar de rara, a morte súbita (MS) no esporte é um evento que causa comoção pública, principalmente quando envolve atletas de alta performance. Estatísticas de diferentes países mostram que sua prevalência varia de 0,28 a 1 por 100.000 atletas.

Diferentes alterações estruturais e arritmogênicas são responsáveis pelos casos de parada cardíaca súbita no atleta, no entanto, a mais frequente é a miocardiopatia hipertrófica,

representando de 25 a 36% dos casos.O exercício vigoroso associado à cardiopatias ocultas parece ser o gatilho que desencadeia a arritmia responsável pela parada cardiorrespiratória (PCR). Diretrizes nacionais e internacionais aconselham o rastreio cardiovascular pré-participação, que se constitui, de uma forma geral, em uma anamnese detalhada, exame físico e eletrocardiograma de 12 derivações. Tal rastreio seria capaz de detectar cerca de 90% dos atletas que sofreram um evento fatal, havendo, entretanto, relatos de esportistas vítimas de MS que não possuíam qualquer alteração estrutural ou de condução.

Doping: substâncias ilícitas no esporte (www.wada-ama.org). Algumas substâncias utilizadas como doping são capazes de provocar repercussões deletérias, especialmente no aparelho cardiovascular, inclusive morte súbita. Dentre as substâncias mais usadas destacam-se os esteroides anabolizantes, a efedrina e a anfetamina. Dentre as drogas sociais as mais utilizadas são a cocaína, a maconha e a 3,4-metilenodioximetanfetamina MDMA, conhecida como ecstasy. Considerando-se que na grande maioria dos casos a morte súbita relacionada com o esporte é provocada por cardiopatias conhecidas ou não diagnosticadas, todo candidato à prática da atividade física deverá se submeter a exame clínico prévio, independente da faixa etária. Esse exame clínico deverá ser precedido de uma boa anamnese com particular atenção para a história familiar de doença cardiovascular e morte súbita. A avaliação pré-participação na tentativa de se detectar essas patologias é a forma mais eficiente para se prevenir um evento cardiovascular fatal.Em recente documento, o Comitê Olímpico Internacional ratifica a importância das avaliações médicas periódica em atletas de elite.


Lembre-se: a boa prática de exercitar-se deve ser antecedida por um check up para sua segurança.


 
 
 

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